Da performance como memória e ritual

Neste domingo, 08 de fevereiro, realizamos a FINISSAGE + CONVERSA no último dia da exposição INFLAMÁVEL na Galeria do BDMG Cultural. Manifesto minha gratidão aos amigos e colaboradores que estiveram presentes neste ritual de comemoração: Fernanda Branco Polse, Fernando Gontijo, Malu Drummond, Marco Paulo Rolla, Mariana Rocha e Nilton Chaves Fernandes. No encontro, tivemos a oportunidade de conversar sobre as ações performáticas desenvolvidas durante a exposição e sobre a oportunidade de um uso diferenciado do espaço da galeria. Dançamos, brindamos, rimos, comemos, observamos a chuva e avaliamos positivamente o acontecimento de estar juntos, de encontrar em uma tarde de um domingo chuvoso em Belo Horizonte.

Em INFLAMÁVEL, apresentei 07 trabalhos em formato de registro digital, em fotografia e vídeo e realizei 11 trabalhos em formato de ações performáticas na Galeria do BDMG Cultural e entorno, totalizando 18 performances. Foi minha primeira exposição individual e a primeira mostra dedicada à linguagem da performance na Galeria do BDMG Cultural. Procurei compartilhar o processo de montagem da exposição na internet, através de redes sociais e de um blog em que, continuamente, publiquei relatos escritos e fotografias de registro sobre cada performance.

Registro aqui os meus sinceros agradecimentos à Fernanda Branco Polse, responsável por fotografar os trabalhos durante toda a exposição, a todos os artistas que colaboraram com as performances – Flora Maurício (em CRISÁLIDA), Bernardo RB, Cristina Borges, Dorothé Depeauw, Ed Marte, Ludmilla Ramalho, Marcelo Kraiser e Marcos Hill (em ZONA DE CONFORTO), Ana Antunes, Carolina de Pinho, Dorothé Depeauw, Ed Marte, Efe Godoy, Filipe Arêdes, Flora Maurício, Gilmara Oliveira, Guilherme Morais, Jéssica Santos, Margô Assis, Nilton Chaves Fernandes, Olivia Viana, Peter Lavratti, Priscila Rezende e Thomas Trichet (em ANESTESIA), às pessoas que colaboraram com o blog da exposição – Ju Capibaribe, Nathalia Larsen e Sandra Bonomini, à todas as pessoas que testemunharam as ações na galeria e entorno, compondo as performances junto comigo e à equipe do BDMG Cultural, pelo apoio para a realização da exposição, especialmente Thiago Anício, Érico Grossi, Luiza Oliveira, Rodrigo Marques e equipes de Segurança e Serviços Gerais da galeria.

Esse período da exposição representou para mim um processo de imersão no trabalho de performance, uma experiência muito interessante de ocupação da Galeria do BDMG Cultural e uma difusão do panorama de minha trajetória artística nos meios de comunicação, redes sociais e no contato com as pessoas que tiveram acesso ao material gráfico da exposição e através do blog, com mais de 1.200 visualizações até esta data. Produzi, com a parceria com Fernanda Branco Polse, centenas de fotografias e vídeos de registro dos trabalhos, realizei uma performance inédita (F5) no evento de vernissage da exposição e pude experimentar o desafio da composição de diferentes trabalhos durante um mês de mostra.

Sigo processando os aprendizados dessa jornada, impressões inflamáveis dessa proposta de exposição. O trabalho sobre a diversidade de materiais utilizados em cada performance, a montagem constante da exposição a partir da instalação de cada ação, o relato e a edição das fotografias para o blog, a troca com os artistas colaboradores, o convívio com o espaço da Galeria do BDMG Cultural e suas relações, o retorno de pessoas que testemunharam a ação, o carinho dos amigos diante dessa realização.

Nesse período da exposição – de 14 de janeiro a 08 de fevereiro de 2015 – acompanhamos a emergência de uma das maiores crises hídricas do Brasil, que trazem à tona a ameaça da vida humana neste planeta. Observei o movimento da cidade se transformar, do vazio das ruas durante o período de férias escolares e o retorno para as atividades, a preparação para o carnaval que já se anuncia. Percebi também a descoberta da performance por parte de muitas pessoas que foram até a galeria, por pessoas que trabalham no BDMG, por mim mesma, em cada trabalho com sua demanda específica.

Refleti muito sobre a relação da solidão e do encontro que o performer experimenta. Percebi diferentes olhares sobre cada trabalho, como a ação se transforma na relação com o espaço. Fiquei curiosa sobre o que move as pessoas a irem até uma exposição de performance. Senti que me fortaleci no processo de planejamento da exposição junto ao BDMG Cultural, em que assumi a função de curadora de minha própria mostra. Foi uma experiência de entrega e dedicação que me custou muita energia, mas também me forneceu muita potência para seguir na pesquisa da performance.

INFLAMÁVEL tornou-se um espaço de expansão, expressão e composição. Um espaço de resistência, de transgressão, de troca. Uma manifestação do corpo através do exercício da arte como procedimento. Um experimento de sensibilidade e de transformação – do corpo, do espaço, das relações. Um tipo de alargamento dos modos de ver a vida, a galeria, o outro. Um modo de articulação entre pensamento e ação através da performance. Uma sensação mista de superação e submissão, a cada trabalho, a cada imagem. A possibilidade de exercitar a presença e a arte do encontro. Uma abertura para perceber o tempo e o espaço de maneira diferente. Puro contágio. 









FOTOGRAFIA por Fernanda Branco Polse e coletivo